no passeio da aurora
o presente é apresentado
em luz e sombra
em retângulo mumificado
paisagem ondulesca
escura e friamente conturbada
paralelos corporais
passeísticos na madrugada
olhares que me seguem
rogam-me por sua libertação
dormem, transpiram
nadam no mar da escuridão
longínquas, esculturais
transcendem a arte das formas
vagueio poeticamente
num teu juiz me transformas
encéfalos posicionados
morte expressa na dor canina
excita-o tuas mãos
desentitulada é a sina
angustiada vida humana
humanamente quadrada expressão
inferno decrepitante
faces coladas em desunião
rosto na montanha
o céu é cinza - a pedra, escura
a crina avolumada
não esconde tua arte madura
um choro oculto
miserável dor latente
caras rostos visões
lira vespertina na obra de Vicente
29 jun 1999
[Obra poética composta em visita à exposição do artista plástico Gil Vicente no MAMAM - Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife, e em sua homenagem]
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